Reflexões

Como se aproximar e abordar o assunto?

Uma das 1ªs percepções que tivemos assim que começamos a sair com o Pepo foi a dificuldade que as pessoas tinham para se aproximar dele e abordar o questão da Síndrome de Down. Sentimos que não se tratava de preconceito, mas sim o receio de se fazer algo “errado” em razão do desconhecimento do tema. A criação deste Instagram foi – em parte – para ajudar esta desmistificação.
Quem não convive com a inclusão prefere muitas vezes se abster de chegar perto e fazer um comentário, já que quando não se trata de deficiência física, a distinção do tipo de deficiência não é trivial. E alguns sentem-se mal por não conseguir identificar se uma criança (por ex) é Autista ou tem SDown. Eu mesmo era um deles.
Aprendemos que a melhor maneira para encarar esta situação de forma natural é justamente agir naturalmente. As crianças atípicas são seres humanos como todos os demais. Apenas precisam de um tempo diferente para realizar algumas tarefas. Mas todos temos nossas individualidades – umas mais explícitas que outras.
O encontro com qualquer criança costuma ser feito com carinho, afeto e um sorriso no rosto. Ajustamos o vocabulário e o tom de voz de acordo com a idade dela. E fazer um comentário sobre seu cabelo, sua roupa, um filme conhecido ou ainda sobre a escola, costuma ser um ótimo “ice breaker” – para crianças com ou sem deficiência intelectual.
No nosso caso, o “quebra gelo” mais frequente tem sido justamente este Instagram. É uma delícia encontrar ocasionalmente os seguidores. com quem sempre falamos algo relacionado à alguma postagem, e o papo flui. Quanto mais as pessoas percebem que estamos confortáveis com a situação, mais se encorajam a falar a respeito.
E para famílias que assimilaram bem a realidade, é assim que deve ser: sem vitimização, sem preconceitos, sem correções teóricas e sem medos. A inclusão só existirá se ela começar em casa.
Eu e a Má gostamos muito de conversar sobre o Pedro e nossa nova realidade de vida: para este tipo de situação, as palavras dão voz ao coração. Ao falar, você se escuta, ganha mais naturalidade e encoraja as pessoas em volta a agirem da mesma maneira. Da próxima vez que encontrarmos alguém, será um prazer papearmos!